Se locais online fossem offline (versão 2022)

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Tô pensando que a gente devia ver os lugares online como lugares offline.

Assim, inclusive, eu conseguiria explicar por que me sinto tão tranquilo trocando mensagens pelo Signal ou verificando meu email no Proton.me.

O Facebook é como aquelas lanchonetes que tem mesas meio separadas por uma divisória. Tem outras pessoas lá, só que dá a impressão de que elas não estão nos olhando, mas o gerente tá nos analisando para ver o que oferecer para nós, a comida vem com um monte de sal e aditivos que preferíamos não comer e também estamos à mercê de outros olhos interessados em traçar nosso perfil.

Tá, não é uma comparação perfeita porque o online tem diferenças estruturais com o offline, mas siga a ideia. Ah! O parágrafo acima também se aplica ao Instagram.

O WhatsApp é meio que um restaurante chique, mas da Máfia. Achamos que estamos em um ambiente seguro, só que as piores pessoas possíveis estão nos sacando e, quando menos esperamos, parece que todo mundo sabe dos nossos desejos mais íntimos.

Google… Achamos que estamos em uma cabine privativa da companhia de telefonia ou uma cabine telefônica fechada, mas a operadora (o Google) tá registrando tudo que fazemos T U D O !!! E vende a informação para quem pagar mais. Aí, quando abrimos o email, fazemos uma busca, entramos em um site, podemos nem perceber conscientemente, mas tem ali em algum canto uma propaganda projetada para nos fazer comprar logo algo que queremos, mas não precisamos agora ou, pior ainda, para nos fazer pensar de outro jeito e desejar o que nem bom para nós é.

Aí tem aqueles bares em ruas despercebidas pelo fluxo urbano onde de fato ninguém percebe que entramos e nem quando saímos, onde podemos nos abandonar aos nossos pensamentos, falar alto no celular, escrever poemas em guardanapos, conversar com aquela amiga que não vê pessoalmente há meses e REALMENTE ninguém notará! Mais ainda, é como se os garçons, gerente e outras pessoas ao redor fossem incapazes de entender uma palavra do que dizemos.

Essa é a sensação que tenho quando estou nos Signal, Proton.me, Skiff (Vendido para a Notion e será descontinuado – 11/02/2024), Tutanota (nome infeliz para um serviço legal) e outros serviços orientados à privacidade (post explicando porque estou parando de usar os serviços Google) até para as contas gratuitas.

Imagem por Luba Ertel no Unsplash – Melnik, Bulgária


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