Sincronicidades…
Ainda ontem eu estava lendo e comentando o artigo da Eletronic Frontier Foundation sobre as críticas dos jovens estadunidenses a restringir o acesso a plataformas sociais como o TikTok e vale a pena ler também essa pesquisa em inglês que sugere que os benefícios para os jovens superam os males das plataformas sociais (em inglês também).
Há pouco tempo falei bastante sobre como as plataformas sociais comerciais mediadas por algoritmos estão fadadas a se tornarem tóxicas, mas talvez eu tenha sido influenciado por juvenóia ao subestimar a capacidade dos jovens de lidar com essa toxidade.
Hoje abro o YouTube e vejo o vídeo do Normose sobre esse conceito que eu não conhecia com esse nome, juvenóia.
Mas o que é juvenóia, afinal?
Bom, acho que vale a pena ver os vídeos no final do post, mas quem tem pressa (quase todas nós, né?) pode querer ler uma definição antes de decidir se vale a pena se aprofundar.
Juvenóia é algo que todos conhecemos: nossos avós falaram dos nossos pais, que falaram de nós e agora, se caminhamos para os 40 anos, falamos das gerações mais novas.
Talvez por uma romantização da nossa juventude, talvez por ser doloroso ver novas gerações desconstruindo convicções que tivemos muita dificuldade em construir para nós ou simplesmente por resistência ao constante processo de transformação da humanidade que exige que gerações mais novas criem outras culturas e convicções, é uma constante os “mais velhos” rejeitarem os mais novos.
Mais velhos entre aspas porque não temos que nos tornar pessoas rígidas e apegadas ao passado. Podemos reconhecer que os tempos mudam, que a humanidade precisa mudar se não quiser continuar sendo uma destruidora de mundos pois, já parou para pensar? que ao mesmo tempo que condenamos as pessoas jovens, também existe um certo senso comum de que a humanidade até aqui foi um tipo de vírus consumidor da vida (quero deixar claro aqui que discordo dessa simplificação)? Ora! Se fomos tão ruins até aqui, então quem somos nós, os mais velhos, os que ainda fazem parte desses tempos piores, para julgar os erros e acertos dos jovens? Principalmente se não entendemos suas culturas, se não estamos no lugar de fala deles? Não temos alteridade?
E o que tenho a dizer que ainda não disse?
Bem, tenho a vontade de comentar todos os pontos dos dois vídeos porque acho necessários pois o tempo que assistimos meia hora de vídeo também são 30 minutos em que nossa mente se alimenta de pensamentos paralelos e associações conscientes e inconscientes, mas tem outra coisa para comentar: pessimismo, ansiedade, conformismo, derrotismo.
As próprias pessoas das gerações mais novas acabam se considerando inferiores, afinal sobram artigos (feitos por “velhos”) julgando sua inconsequência, seu desalinhamento com as responsabilidades da vida (mesmo quando essas responsabilidades da vida consistem em se deixar explorar por relações de trabalho abusivas) e considerando, e essa é a grande falha de pensamento, que as características da adolescência e da juventude são transferidas para a idade adulta!
Se esquecem que são poucos os adultos que mantém as características da juventude e, mais ainda, que geralmente os melhores adultos são justamente os que souberam manter o deslumbramento, o desafio às regras e às estruturas estabelecidas!
Que período anterior a hoje, por qualquer coisa que seja sagrada para você, foi melhor que hoje? Foi um período mais “de ouro”? Há quem sugira, inclusive, que é melhor ser uma pessoa comum hoje que um rei dos séculos passados. Em tempo: é uma comparação bem retórica, já que são momentos históricos muito diferentes e, por exemplo, é bem possível que a ilusão atual de que nosso mérito pode nos levar a ser “reis” acabe por gerar mais ansiedade do que viver em uma estrutura de castas mais fixa…
Uma última coisa…
E se nossa juvenóia também nos leva a supor que o futuro sempre será pior? O que nos garante que a qualidade de vida das pessoas será pior em um futuro possível em que a civilização se divida entre privilegiados em cidades climatizadas e o restante da população tendo que lidar diretamente com as mudanças climáticas? Por mais que isso pareça absurdo.
Sei que vivo na distopia anunciada nos anos 70, mas prefiro mil vezes estar aqui do que de volta naqueles tempos sem acesso ao conhecimento, sem as possibilidades de mobilização de hoje, sem os avanços tecnológicos e científicos…
Eu sei que é um tópico muito polêmico e não devia ter deixado jogado aqui, mas paciência! Poe ser útil no futuro próximo…
Referências
Vídeo “A juventude tá perdida?” do Normose:
Vídeo Juvenoia, do Vsaouce:


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