É importante lembrar que há um conflito de interesses já que Demis Hassabis é da equipe de IA da Alphabet/Google.
O entervistador se chama Steven Levy.
Além disso, podemos fazer algumas observações:
- Somente aos 10 minutos eles começam a falar no impacto no trabalho;
- A corrida “armamentista” pela IA Geral devia ser vista com grande preocupação, assim como foi um período terrível para a humanidade a corrida nuclear;
- Ele começa prevendo que a equipe dele atingirá as IA Geral nos próximos 5 anos, mas parece bem claro que ele não faz ideia de como isso acontecerá, o que é muito estranho! Como se ele estivesse esperando que as IAs generativas fossem ficando cada vez mais inteligentes (elas sequer são um modelo que busca o desenvolvimento de inteligência) até virar uma IA geral;
- Ele diz que a inteligência humana é a única inteligência geral que conhecemos, o que é uma tolice. Todo animal é dotado de inteligência geral e até, provavelmente, insetos. Se não fazemos ideia do que é inteligência geral, dificilmente seremos capazes de desenvolvê-la;
- Demis tem a esperança de que novos empregos surjam com o advento das IAs gerais, mas seria bem mais convincente se ele desse exemplos, afinal uma IA geral seria muito mais capaz que a IA humana, então o que restaria para humanos fazerem? Ele cita empregos que envolvam empatia, como enfermagem
- Em tempo: não vejo IAs gerais nem mesmo no horizonte ou mesmo sinais de que são possíveis nesse século. Se atingirmos essa tecnologia teremos que ter renda básica universal, para início de conversa. Humanos provavelmente teriam que se dedicar a atividades que não envolvem pensamento lógico…
- “Supercharge produtivity” é o mantra da indústria de IA. Humanos não querem ser produtivos, humanos querem ter prazer em viver, encontrar sentido na vida. Essa meta focada em produtividade, no modelo capitalista atual, implica em pouca gente produzindo por muitos, que acabam condenados ao desemprego ou subemprego;
- A sugestão para os jovens se aproximando da idade produtiva: usem IAs generativas o máximo possível para se tornarem muito produtivos… Sei…
- Para ele, nos próximos 20 ou 30 anos, se tudo for bem, as IAs gerais resolverão todos os problemas e poderemos colonizar a galáxia. Co lo ni zar a galáxia. Uma coisa é adorar scifi, outra é uma afirmação totalmente irreal como essa que me faz pensar que o papo não passa de uma estratégia de marketing. E “se tudo for bem” é um SE enorme e, definitivamente, já não está indo bem com corrida belicosa entre blocos e usos cada vez mais antiéticos do que as IAs generativas podem fazer;
- Nota mil para o entrevistador que observa que já temos uma abundância absurda, mas que não é distribuída e já sabemos como resolver a mudança climática! Demis responde dizendo que a humanidade não é boa em colaborar… Cara! A humanidade é a espécie com maior poder de colaboração do planeta! Foi assim que chegamos aqui! O que está impedindo a nossa colaboração não é a nossa natureza, creio que qq antropólogo dirá isso, mas posso sugerir a leitura de De Primatas a Astronautas, do Mlodinow
- Meu deus… “Nós temos uma solução para a crise da água: dessalinização”. Tenho outra: cortar os gastos de água de gigantescos datacenters que desenvolvem IAs e algoritmos que espalham desinformação e fazem a perfilização da sociedade
- O Steven Levy pergunta se Demis acha que esse desenvolvimento fantástico devia ser comandado por empresas cujo objetivo é o lucro. Ele responde que o modelo do capitalismo tem funcionado muito bem até agora… Jura? Já começa que quase toda a inovação vem de universidades e investimento de dinheiro público e, se o capitalismo estivesse dando certo, não precisaríamos de uma IA geral sobrenatural que vem magicamente de onde ninguém sabe para resolver os nossos problemas…
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