As redes da discórdia – Ciência Suja

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Ouça o episódio do podcast do Ciência Suja: As redes da discórdia.

Estou colocando esse post na categoria “Gotas” que é para compartilhar links para conteúdos com breves comentários, mas terei que fazer comentários não tão breves.

O episódio alerta muito bem para problemas sérios que tem sido apontados por muita gente (só eu desde 2014) que é a transformação das redes sociais online em plataformas comerciais em que o produto são as pessoas, você e eu, e não da forma como se diz displicentemente “estão vendendo nosso tempo e atenção”. O episódio mostra com argumentos sólidos que estão vendendo na nossa paz, a polarização da sociedade, a divisão dos semelhantes. Sério. Ouça o episódio.

No entanto tenho uma crítica muito importante.

Antes de qualquer coisa: O Ciência Suja está no topo de minha lista de melhores podcasts para entender o mundo. Está na lista Recomendo(memeroll) inclusive.

A crítica que tenho a fazer está mais para um toque sobre um tipo de antolhos que parecem estar limitando a visão de grande parte dos veículos e pessoas interessadas em desmerdificar (do termo enshittification cunhado por Cory Doctorow, o Pluralistic):

Redes sociais online não estão restritas a plataformas comerciais com algoritmos, elas sequer são as responsáveis pelo fenômeno da socialização online.

Já andei falando sobre as origens e o presente das redes sociais online:

Não devíamos nem mesmo comparar as redes comerciais entre si! Bluesky, X, Instagram e Plurk (sim, ele ainda existe, veja o último link acima) tem diferenças fundamentais. Nem todas recorrem a algoritmos, por exemplo, muito embora tenham efeitos e objetivos semelhantes.

Vale também um micro-resumo: as redes sociais online foram não comerciais desde os anos 90 do século passado (BBS, IRC, Newsgroups) até aproximadamente 2014, quando o modelo de negócio se fixou na venda de anúncios e depois na venda de usuários. Depois de 2014 já começa uma diáspora discreta para redes sociais de fato.

Então porque todos estão comprando a narrativa (para usar a palavra da moda) e que o mundo social online se resume a Meta, Bytedance, X e Bluesky?

É o mesmo que dizer que redes sociais online são as festas privadas em trechos de praia sequestrados por elites. Algo que nem devia existir…

Vou falar a palavra que ninguém conhece, mas que é um absurdo quando profissionais do marketing, imprensa e assessoria de imprensa também desconhece totalmente: Fediverso.

Falo nele não como o excêntrico solitário que queria que todo mundo gostasse do cantinho dele, já estou no meu limite de seguir pessoas lá e não estou em redes sociais para ter engajamento (nunca estive), mas para interagir, e isso já tenho lá. Falo nele como quem fala que a praia é pública e ninguém precisa ficar se humilhando para entrar em uma festa privada cheia de milicianos e valentões.

Tenho as minhas hipóteses para o desconhecimento geral do Fediverso, mas esse post é da categoria “Gotas” hehehehe!

Deixo apenas um toque e um exemplo: A Meta tá de olho no Fediverso, tanto que o Threads é integrado a ele, do jeito que a Meta integraria alguma coisa. O exemplo: se a Meta integrasse totalmente o Threads ao Fediverso os usuários de lá poderiam seguir @roney e os posts desse site, como esse aqui, apareceriam em suas timelines, como se fosse tudo uma única rede social. Pense nisso…


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