O Twitter é o pai dos microblogs que já comentei em outro post.
Como funciona?
Você “twitta” do seu celular (mesmo os mais simples podem ser usados para isso) ou do seu computador.
A proposta é dizer o que você está fazendo agora como “cheguei no trabalho” ou “engarrafado na rua tal a caminho do cinema para ver o filme tal”. Os usuários naturalmente deram diversos outros usos além desse.
Outras formas comuns de usar o Twitter é para sugerir links interessantes na rede, compartilhar informações, procurar ajuda ou oferecer ajuda (uma vaga de emprego por exemplo).
Você pode configurar sua conta de forma que apenas os seus amigos vejam o que você escreve, mas não é um serviço para informações delicadas como “Estou saindo da lotérica xyz com o bilhete premiado da megasena!”
Como nos demais microblogs o que você escreve chega até as pessoas que decidem seguir você por email, msn, no celular ou em janelas que pipocam no desktop. Ou seja ele é uma forma de você passar uma informação para todos aqueles que tenham algum interesse no que você tem a compartilhar.
Quem usa e para quê?
No Brasil ele tem sido mais usado pelas pessoas mais inseridas na emergente sociedade do conhecimento e participam como platéia ou palestrante de eventos e foruns que discutem cibercultura e os novos paradigmas catalizados pelo crescimento da tecnologia da informação.
Esse grupo normalmente usa o Twitter para debates paralelos durante conferências como exemplifiquei no post Desconferência em meu outro blog.
Outro grupo que usa cada vez mais o Twitter são agências de marketing que atendem clientes com forte interesse nos consumidores conectados como editoras, shopping centers, fabricantes de celulares. Uma consultoria que se destaca nessa área é a Frog.
Um terceiro grupo bastante numeroso usa o Twitter como ferramenta de socialização, um tipo de chat mais eficiente pois permite falar com todos os contatos com uma só mensagem.
Quem nunca usou uma ferramenta de microblog pode considerar esse último uso muito similar ao email, mas não é.Veja um exemplo.
Você sai do trabalho mais cedo e com vontade de ir a um happy hour. Entra no recurso de buscas do Twitter e procura por #botecamp ou #happyhour que são palavras chave comumente usadas e descobre onde as pessoas estão se encontrando. Pode até se juntar a um grupo que você não conheça aumentando assim sua rede social (ou não).
É claro que é bom desenvolver a capacidade de julgar se um grupo é seguro ou não. Isso faz parte das novas habilidades que teremos que adquirir conforme a era da informação se transforma em sociedade do conhecimento.
Como é esse negócio de capital social?
Se você tem 8 mil pessoas seguindo o que você diz é porque muita gente te considera uma pessoa importante em sua área. O atual presidente dos Estados Unidos tem quase 150 mil seguidores. Imagine agora que 10% passem adiante algo que ele diz. Em pouco tempo milhões de pessoas podem receber aquela informação. Isso tem um grande valor. Sempre teve, a diferença é que redes como o Twitter expandem isso exponencialmente.
No entanto não basta ter seguidores, é mais importante o potencial de penetração deles nas áreas que você atua. Por exemplo, se você pesquisa neurofisiologia, mas só tem seguidores apaixonados por música clássica (que seguem você por causa das piadas que conta uma vez ao dia) sua rede será inútil para a sua pesquisa.
O capital social nas redes sociais digitais é definido principalmente por:
- Dedicação dos seus seguidores: eles realmente lêem e clicam no que você escreve ou o seguem porque seu nome é famoso?
- Seus seguidores replicam (rettwitam) o que você divulga? Esse é um fator essencial. Recentemente uma palestra do Luli Radfahrer foi assistida mais de 20 mil vezes em 24h graças a uma replicação viral e hoje já passou de 126 mil visualizações (em 3 semanas).
- Semelhança de interesses entre os seus seguidores e a informação que você está passando.
Por conta dessas características não é fácil para uma agência de marketing definir qual twitteiro tem maior capital social. Essa é uma questão em aberto.
Como a gente ganha seguidores?
O Twitter é a típica ferramenta das sociedades da informação e da cultura do conhecimento: prestígio é definido pela qualidade da informação.
Não adianta ser o ator principal da novela das 20h na globo (ou um perfil falso dele), é necessário compartilhar informações úteis na ótica dos seus seguidores.
Provavelmente os seguidores de um ator vão querer saber sobre seus gostos, os lugares que ele frequenta e trabalhos (na TV e teatro) que ele faz ou indica.
Falar o que você acha que as pessoas esperam que você fala é uma ótima forma de… ter muitos seguidores que não te interessam.
O ator Thiago Fragoso é um rosto bonito de novelas e arranca gritinhos das adolescentes. A atriz Natalie Portman também é o sonho de uma legião de fãs de Guerra nas Estrelas, mas ambos também são pessoas interessantíssimas com altos valores humanistas, uma cultura vasta e caso tivessem contas no Twitter tenho certeza que teriam temas muito mais interessantes do que as fofocas dos bastidores da novela ou no tapete vermelho.
Se o seu microblog no Twitter refletir seus interesses você será seguido pelas pessoas que tem interesses similares.
Procure não publicar coisas apenas para tentar comprar capital social.
Ele é bom para me informar?
Sim e não.
Você quer saber se tem engarrafamento para chegar naquele show no Maracanã? A contagem dos votos nas escolas de samba? Ele é uma boa ferramenta.
Informar-se através do Twitter é como estar no meio de uma multidão e perguntar “o que está havendo lá na frente?”
As notícias chegam primeiro ao Twitter, mas só as leve s sério se a fonte estiver realmente de frente para os acontecimentos.
Como devo usar o Twitter?
Sugiro que o use como uma ferramenta de socialização, uma ponte entre o mundo online e o offline, mas a ferramenta é sua para usar conforme a sua critividade.
Você pode usá-la até como parte de uma grande novela contada em vídeos, blogs e twittadas online.
No entanto creio que o Twitter só se torna realmente interessante quando você conhece as pessoas pessoalmente ou quando segue e é seguido (ou seguida) por amigos offline.
O importante é que tudo na cibercultura está em movimento, se definindo, se desenvolvendo. O Twitter pode nem ser o microblog do futuro, mas o fato do mundo real ter devorado o mundo virtual.
Excelente artigo. Vou enviar um link dele para as pessoas conhecerem um pouco mais do Twitter.