Introdução
Esse post é um conjunto de reflexões e espero criar um mais didático no futuro próximo.
Nós somos muito diversificadas e cada uma de nós terá particularidades no caminho para assumir o controle do fluxo de estímulos a que as plataformas comerciais nos expõe para reter a nossa atenção.
Espero que esse post lhe traga boas ideias, bons pontos de partida para moldar o seu caminho do seu jeito.
O problema
(Se quiser pule direto para o tópico: Assuma o controle do seu navio. O objetivo aqui é buscar tranquilidade)
O cenário atual
A Internet é como os vastos oceanos do nosso planeta. Tudo que a humanidade produz converge para suas águas e está lá para encontrarmos ou para que nos levem até essa imensidão de informações e estímulos.
Nós somos como os galeões que atravessavam os mares colhendo os bons ventos, mas também podemos nos deixar rebocar pelas plataformas comerciais (Facebook, TikTok, Instagram, X, Google etc), que são como moderníssimos navios de guerra armados com o poder atômico de algoritmos e IAs. Teve um tempo que eles queriam nos agradar e nos rebocavam com gentileza e suas IAs procuravam nos levar ao que era mais útil e interessante para nós. Falei nisso em 2016 no post Bolha ou não bolha, eis a questão, mas esqueci de um post importante de 2014: Facebook 2014: A Internet invade o mainstream?
Mas chegou um momento que essas poderosas máquinas perceberam que podiam nos vender e, em vez de nos levar gentilmente para onde era bom para nós, passaram a nos arrastar a velocidades alucinantes para onde lhes pagavam. Elas passaram a vender nossos desejos, nosso viés e, em muitos casos, nossa paz. Falei nisso em Algoritmos e a corrupção das redes sociais.
Então cá estamos. Ao mesmo tempo que nos arrastam mais rápido do que podemos administrar, precisamos coletar e organizar em nossas cabeças dados e informações para entender onde estamos, afinal já não vivemos apenas no mundo offline, habitamos os dois, estamos em uma civilização cibernética.
Assuma o controle do seu navio
“Assumir o controle” pode disparar gatilhos, eu sei! Mas fique comigo mais algumas linhas!
Assumir controle muitas vezes não envolve esforço, pelo contrário! Muitas vezes, e esse é o caso, envolve relaxar.
Quase todas as pessoas com quem encontro se dizem cansadas das redes sociais. A propósito pode ser hora de dar outro nome a elas, como “Plataformas comerciais de entretenimento produzido de graça para a empresa”, que é um nome grande demais para ser prático, mas é necessário para o nosso contexto.
Passar horas conversando com uma pessoa, vendo as novidades de amigues é ótimo! Aproxima laços, cria redes sociais, mas é isso que acontece na maior parte do tempo que navegamos pelas mídias comerciais?
Como disse antes, a atração das timelines infinitas e povoadas por coisas que nos seduzem é inexorável e não vou sugerir romper com elas abruptamente (muito embora algumas pessoas prefiram fazer assim). O que tenho a sugerir é simples:
Crie uma estratégia
Pronto! Acabou o post! Hehehe! Claro que não, né? Criar uma estratégia para lidar com algoritmos extremamente capazes é um desafio e não é a mesma para todo mundo.
Podemos resumir tudo que acontece na nossa cabeça a duas coisas: conhecimento e informação. Até mesmo o lazer contém informação e conhecimento que ativam as nossas emoções.
Atenção que não estou sugerindo tratar tudo friamente e funcionalmente, tá?
Um dia notei que estava vendo fragmentos de coreografias de balé contemporâneo fazia quase 3h. Gosto muito de balé, mas preciso de 3h de entretenimento? E fragmentado em poucas dezenas de segundos?
Esse é o passo mais difícil: avaliar se estamos nos deixando estimular passivamente. No meu caso teria sido muito mais prazeroso ir a um espetáculo completo, ou mesmo assistir um espetáculo completo online.
A sobrecarga de estímulos, mesmo prazerosos, causa cansaço.
Uma estratégia que podemos usar é nos perguntar se vamos querer ver, ouvir ou ler aquilo novamente. Podemos guardar o link ou mesmo capturar e guardar a tela. O que for mais fácil e rápido.
Também ajuda muito desenvolver o hábito de observar os sentimentos que a nossa TL está despertando: é um prazer que não achamos no mundo fora dali? É revolta com coisas que não podemos mudar? São estímulos que, em última instância, acabam nos fazendo mal?
“Ah! Mas são coisas que existem e não posso me alienar”. É verdade, mas vamos lembrar da sabedoria clichê: Aceitar o que não podemos mudar, nos dedicar ao que está ao nosso alcance e ter sabedoria para distinguir um do outro.
Sei que não é nada fácil, mas note que tudo se resume a duas coisas:
- As mídias comerciais são uma parte muito grande do problema
- Terem nos convencido cabe a nós e ao nosso pequeno grupo de contatos salvar o mundo (E isso só gera polarização e caos).
Juntando esses dois fatores a gente é jogada no mais revolto dos oceanos e acabamos sem forças para mudar o mundo de fato.
Então aqui vai o que acho que pode ser uma espinha dorsal para a sua estratégia:
- Vá em busca da informação em vez de recebê-la passivamente. Você pode fazer isso colecionando boas fontes de informação. Faço isso na página Recomendo(memeroll);
- Guarde as coisas interessantes ou úteis. Pode ser em um documento de texto, em um bloco de notas digital ou de papel.
- Decida previamente o que guardar e onde. Tiago Forte sugere o método PARA (Projetos, Áreas, Recursos, Arquivo). Mas use a sua criatividade, faça do seu jeito;
- Você quer ajudar a salvar o mundo? (eu quero), então dê impulso a quem se dedica a isso como mídias, jornalistas, podcasts, pessoas que produzem conteúdo e até a políticos, afinal é pelas leis e política que a civilização se organiza hoje. O mundo que você tem a salvar individualmente é aquele ao seu redor, as pessoas importantes na sua vida, seu trabalho.
Guia para a Civilização Cibernética
Abaixo estão reunidos os principais posts desse site em seis grandes áreas.
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Foto: PxHere











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