Menos de 5% das pessoas navegam a Internet com o Firefox, e menos ainda se considerarmos que muita gente mal navega pela Internet porque estão absorvidas na pequena Internet das mídias sociais. No entanto, navegar é preciso, devíamos fazer isso com mais frequência e o Firefox tem sido a melhor opção para quem entende que é necessário ter diversidade em tudo, principalmente na nossa porta de entrada na Grande Internet.
Por diversidade quero dizer que todos os navegadores atuais são de dois tipos: baseados no código do Chrome e baseados no código do Firefox. Sendo que os navegadores mais preocupados com a nossa privacidade e segurança são baseados na “engine” do Firefox.
Então esse post começa sugerindo que você conheça o Firefox caso você use o Edge, Chrome ou Safari.
Dito isso, o pessoal mais purista está bem incomodado com a Mozilla, que mantém o Firefox, e com razão: ela vem dando menos valor aos princípios fundamentais de privacidade e autonomia do navegador e, recentemente, divulgou planos de torná-lo um “Navegador de IA”.
Ainda assim, o Firefox continua sendo o navegador que eu recomendo (e uso) porque continua muito melhor que os navegadores padrão tanto em recursos, quanto em pricacidade e segurança, e porque tem uma política boa de atualizações de segurança.
Então, se você quiser pular direto do fogo para a lagoa fresca, sem passar pelo Firefox, veja algumas alternativas.
Melhores opções
Vou usar basicamente os seguintes critérios: frequência de atualização do navegador, privacidade, autonomia, recursos.
Vivaldi
Decidi colocar o Vivaldi em primeiro lugar, apesar dele não ser da “família” Firefox (ele é baseado na mesma base do Chrome) porque esse post pode servir também para quem estiver expandindo os horizontes primeiro para além dos navegadores padrão da Google, Microsoft e Apple.
Além disso, o Vivaldi é um verdadeiro canivete suíço, que pode ser usado apenas como navegador, mas também pode abrir as portas para a Grande Internet ao incluir integração a redes e mídias sociais, RSS (para reunir em um só lugar todos os sites que você quiser acompanhar), email e muitos etcéteras.
Ele também tem uns recursos interessantes para quem trabalha pesado com o navegador, permitindo, por exemplo, criar perfis separados como um pessoal e um para cada empresa a quem você presta serviço. O Firefox atualmente também tem esse recurso, mas o Vivaldi teve antes.
Ele é um navegador rápido, mas você pode querer apenas um navegador para, bem, navegar por sites.
LibreWolf
Ele usa a mesma tecnologia que o Firefox e é a minha primeira opção quando não quero rodar o Firefox por algum motivo. Ele tem uma interface que se aproxima bastante, mas adotou como diferencial não implementar os recursos que tem sido criticados no Firefox. Tem foco em segurança e privacidade e tem mantido uma boa política de atualizações, além de já ter declarado que não trará para o seu núcleo o que for acrescentado de inteligência artificial.
Quem quiser usar IA no navegador sempre poderá fazê-lo com plugins, é claro.
Waterfox
Já o Waterfox, também baseado no mesmo núcleo do Firefox, opta por mudar a interface se aproximando do Vivaldi, o que pode ser uma opção interessante para quem deseja uma experiência mais inovadora ou simplesemente diferente.
Mullvad
Ele também usa a mesma tecnologia que o Firefox usa, mas na verdade, está mais próximo do TOR Browser. A diferença é que, em vez de se derivar do Firefox, ele vem do TOR. Explico. O TOR é um navegador específico para navegar pela dar kweb, por sites .onion em vez de .html ou .php, como é o caso da maioria dos navegadores. O que o Mullvad faz é adequar o TOR para a navegação comum.
Meio estranho, né? Pense que ele é feito a partir do navegador que leva mais a sério a privacidade e é usado por jornalistas em países de risco, por exemplo.
Ele é mantido por uma empresa que vende o serviço d VPN, uma das mais confiáveis, no entanto, é um navegador um pouco… excêntrico. Não vi ninguém além de mim indicá-lo como alternativa, mas acho que ele merece estar acima dos demais pela origem do código e preocupação com atualizações de segurança.
Não vou colocar o TOR como navegador alternativo porque considero que ele não é um navegador confortável para a navegação comum.
Zen
Ele também usa o mesmo núcleo que o Firefox, mas inova bastante na interface, se aproximando muito mais do Vivaldi que o Waterfox.
Muita gente o tem indicado e realmente é uma ótima opção com recursos que podem transformar a sua navegação na Internet. No entanto tem uma curva de adaptação. Nada sério.
É um navegador relativamente novo, mas a política de atualização também tem sido boa. Só é estranho que a linha de suporte seja via Discord, mas ninguém é perfeito e, como os demais acima, eles estão presentes no Fediverso via Mastodon.
Helium
Ele está aqui em baixo não por usar o mesmo “engine” do Chrome, até porque, como no caso do Vivaldi, ele “limpa” o código tornando-o privativo (se chama degoogled), mas porque ele não suporta DRM nativamente, ou seja, não dá para instalar e assistir Netflix, Prime etc. logo de cara.
Ainda assim pode ser um ótimo navegador de entrada em um mundo mais seguro e privativo. Você pode usá-lo sempre que quiser navegar sem o Google, a Microsoft ou a Apple olhando por cima do seu ombro.
Os criadores me desculpem, não tem qualquer relação, mas não consigo não lembrar de Strindberg e Helium!
Considerações finais
A Internet é uma parte muito importante das nossas vidas, mesmo que a gente não ande tanto por ela e considero sensato conhecer mais sobre ela e, claro, como transitar por essa realidade sobreposta à realidade física.
Ter mais de um navegador instalado ou estudar um navegador ou outro de vez em quando pode abrir novos horizontes e, tenho quase certeza, você perceberá que os navegadores padrão são como charretes, que podem até ter um certo charme, mas não nos oferecem a melhor experiência online.
Talvez sintam falta do navegador Brave aqui, mas eu não me sinto à vontade para indicá-lo por causa do modelo de negócios, que envolve criptomoedas e uns comportamentos questionáveis do navegador e posicionamentos do fundador.
Também omiti o navegador do DuckDuckGo apesar da versão para celulares tem uma animação bem divertida quando mandamos apagar o histórico. Isso não se deve ao núcleo dele ser Chromium ou por não ter versão para Linux (o que até é um problema já que recomendo o Linux como plataforma adequada para a maioria das empresas e pessoas), mas porque não sinto firmeza na política de atualizações de segurança. Além disso, ele não tem um forte compromisso de precaução com a adição de IA Generativa.
Outro que não coloquei na lista é o “pai” do Vivaldi, o Opera, simplesmente porque vejo o Vivaldi como uma evolução dele e mais comprometida com os usuários e com os princípios de segurança, privacidade, autonomia. Por exemplo, o Opera também caminha para ser um Navegador de IA.
Também ficou de fora a engine Servo, que será a base para uma terceira família de navegadores construída do zero e com tecnologias modernas, o que é uma ótima notícia, mas o projeto ainda está em seus estágios iniciais.
Imagem
Foto de James Lewis na Unsplash


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