Estou nesse momento no meio do pavilhão da Campus Party 2011, hoje é o último dia e minha missão, como sempre, é tentar encontrar pontos comuns no mosaico de 10 mil rostos e histórias que passaram aqui durante essa semana.
Ano passado falei nas infinitas facetas dessa tribo, na verdade o que encontramos aqui são várias tribos que compartilham a mesma ferramenta e ambiente.
Enumerar as tribos já é difícil, o que dirá descrevê-las! Vi aqui gente steampunk, otaku, astrônomos, jovens fãs de Mac, desenhistas, advogados que gostam de robótica, gamers, publicitários… No entanto tenho certeza que encontraria todo tipo de pessoa se fosse possivel conversar com cada campuseiro.
O ponto de ligação (ao meu ver, claro) não poderia ser mais adequado a esse blog: as pessoas aqui gostam do estimulo cognitivo. Dessa profusão de imagens, sons e assuntos.
Entre quem vem aqui a sério encontramos publicitários, astrônomos amadores, desenvolvedores, designers, casemoders e fãs de simulação de vôo.
A propósito me parece que houve um aumento de campuseiros sérios esse ano, principalmente da área de comunicação.
Para quem não passa pelo menos dois dias aqui procurando entender o que está acontecendo tudo que se vê é um grade caos e um grade acúmulo de subculturas, mas francamente sempre a vi e vejo cada vez mais um tipo de laborário: Como os humanos se transmormam expostos a um ambiente hiperconectado?
Muito do que vemos aqui vai aos poucos se repetindo na sociedade em geral: formas de se relacionar com a propriedade intelectual, liberdade de expressão, socialização, interesses etc.
As empresas aproveitam para promover ações, mas é uma pena que não o façam seguindo o exemplo de Simulacron 3 (só tem na Amazon), ou seja, testando campanhas que poderiam ser reproduzidas para o público em geral. As pessoas aqui ainda são vistas como “gente da Internet”.
A propósito, ver os trenzinhos de campuseiros seguindo promotores de alguma empresa com certeza dá a impressão de que estamos diante de pessoas alienadas e facilmene manipuláveis, mas deve-se levar em consideração que a grande maioria está aqui por prazer e ganhar brindes é mais um prazer, ser valorizado e mimado por empresas sempre será um prazer até o momento que ela contrariar o consumidor.
Já que chegamos na alienação… Apesar da organização ter colocado os temas mais políticos na arena principal (parabéns) o pouco interesse dos campuseiros nessas palestras também pode ser visto como sinal de falta de politização.
Sim, o brasileiro ainda tem muito a caminhar para se tornar politizado, mas, além do lazer ser o principal interesse dos campuseiros, o nosso povo não se sente ameaçado.
As propostas políticas para vigiar a Internet não são percebidas como ameaças pois parecem impossíveis até para o leigo e a grande maioria sequer sabe que elas existem.
No momento que realmente o governo der um passo decisivo e eficaz para restringir a privacidade ou a liberdade de expressão online (ou offline) esses jovens e outros não tão jovens certamente se mobilizarão.
O que falta para o ativismo (infelizmente) é a adversidade.
Creio que não sou capaz de resumir todos os pontos mais importantes da Campus Party, mas espero ter conseguido pelo menos montar um mosaico.
Engraçado, eu não concordo contigo, Roney. Acho que, mais que adversidade, o que falta mesmo é interesse. Nesta cultura de “filhinhos da mamãe”, em que todos são extra protegidos, parece que nada de ruim vai acontecer. E as atitudes na CParty tendem a ser bem-humoradas, na minha opinião, por conta do clima de festa/rave. Vi coisas interessantíssimas:
o curti na campus party me pareceu inovador ao extremo, ao conectar real e digital.
as dicussões sobre o PNBL e o seminário sobre lan houses
as palestras do Al Gore e do Ben Hammersley
Gostei do tanto de desconferências que “a nossa galera” (aka, blogueiros) produziu, em todos os tópicos e assuntos. Um movimento de escape da alienação da coordenação de social media.
E, sim, no geral estou mais pra otimista do que pra pessimista 🙂
Adorei reencontrar você e a Clau!!!
É muito difícil a pessoa ter interesse se não há risco, não acha? Para vc e para mim o risco é bem claro, mas não para a maioria das pessoas e é até bom que seja assim.
Se todo mundo ficasse vendo todos os riscos a sociedade entraria em pânico. Acho que a ordem natural da civilização é essa: uma minoria fica na linha de frente identificando riscos enquanto os outros senguem a vida normalmente. Conforme o risco aumenta mais gente se une à linha de frente.
Também acho que as nossas classes mais abastadas são alienados dos riscos (e isso já começa a ocorrer também com as classes C e D) e gostaria que não fosse assim, que fossemos mais politizados, mas demora para politizar 200 milhões de pessoas…
Aliás esse é outro assunto: para politizar tem que conectar, tem que levar arte crítica para as massas, tem que dar visão histórica, ou seja, tem que investir na Educação, mesmo que o governo não invista.
Isso fica para outros posts 🙂 Até pq preciso aprender algumas coisas antes de escrever sobre isso 🙂
Sempre gosto de encontrar com vc e que discordem de mim, afinal se vc estivar certa o jeito de lidar com o futuro é outro, vamos deixar as ideias amadurecendo 🙂
Oi Roney! tudo bom? lembra de mim? nos conhecemos no encontro de blogueiros que a organização da Campus Party montou, achei bem legal seu blog, sobre seu texto tenho que concordar em alguns pontos, no final de tudo percebi que o público da Campus Party não está ali para ser compreendido, você chegou a ver uma manifestação que aconteceu no penúltimo dia onde um grupo levantou cadeiras e começou a correr ao redor da Arena e logo tinha uma centena de outras pessoas fazendo a mesma coisa sem o menor sentido? da mesma maneira que essa manifestação começou ela terminou, tem muita coisa nonsense que acontece durante a semana deste evento tecnológico que se fosse contado ninguém acreditaria.
Talvez seja por essa razão que as grande empresas ainda não conseguiram se aproximar dos jovens no ambiente virtual 😀
Claro que lembro de vc! Legal receber sua visita! 🙂
Acho que a galera que vai à Campus Party tb não se entendem, só querem se divertir e se sentir uma tribo e daí essas manifestações estranhas 🙂
O desfile das cadeiras já é algo até meio tradicional 🙂
Mais importante que entender os jovens que vão à Cparty é lembrar que eles serão adultos em breve e que estarão em posições importantes.