Temos que reconhecer um fato: O mundo online, a Internet, há muito tempo deixou de ser uma realidade virtual. Hoje vivemos uma civilização cibernética de fato e as duas realidades, online e offline estão conectadas como os ramos nos galhos de uma árvore. Se alguém puxa um ramo outros sentem os reflexos.
Mas, na prática, como é isso?
Nós temos um e-mail da Alphabet/ Google, nosso currículo está no Linkedin/ Microsoft ou talvez no Facebook-Instagram-Threads-WhatsApp/ Meta ou até mesmo TikTok, Snapchat… Muitas vezes temos que estar em todos os lugares ao mesmo tempo agora.
Em nenhum deles você tem o controle dos seus dados, de como te enxergam e nem do que você produz porque precisa pensar nos piiii algoritmos que, caso sua área de atuação seja saúde s*x*al, propriedades medicinais da m#c%nh&, relações internacionais na área específica do t&rr$r!sm* te forçam a esconder as palavras sensíveis porque querem nos convencer que as IAs estão prestes a se tornar uma super inteligência, mas são incapazes de entender o mais simples dos contextos.
Quanto das nossas vidas está embrenhado no ciberspaço? Meça pelo tempo diário online: pode ser mais da metade.
E não vivemos nossas vidas para nós, as vivemos, algumas vezes sem perceber, em torno de algoritmos cujos objetivos são influenciar nossos desejos e até vieses.
Nós estamos usando coleiras…
E elas nem se limitam ao tempo que passamos online e nem as poucas pessoas desconectadas (tem alguém realmente fora do ciberespaço?) estão livres porque as coleiras cibernéticas tem influenciado os vieses políticos, ideias e disposição das pessoas à nossa volta.
Pessoas 20 anos mais novas que eu dizem que estão velhas e cansadas.
Tem como não se sentir assim quando recebemos um fluxo não gerenciável de estímulos? E todo estímulo aciona sentimentos e disposições que acabam influenciando o nosso comportamento fora das redes sociais, que aliás são de vários tipos.
Uma vez que estamos entregues ao cansaço e à sobrecarga não sobra muita energia para questionar as coleiras, ou as prisões, se você preferir, afinal coleira é mesmo meio forte, talvez principalmente por ser uma metáfora mais adequada que correntes. Não estamos apenas numa prisão, estamos sofrendo controle, estão nos guiando.
Tá, então como se livrar das coleiras?
Estamos no meio do turbilhão do bloqueio do X-Twitter (não dá para chamar de Twitter porque já virou outra coisa, e nem de X porque não há buscador que ache uma coisa com esse nome e não é justo excluir desse post quem vem por buscadores) e talvez você esteja pensando que vou falar do Bluesky ou do Threads (não escrevi sobre ele) ou mesmo das Redes federadas e o futuro da Internet social (Mastodon), só que não. Migrar para os dois primeiros é saltar de um relacionamento perverso para outro e migrar para o Mastodon/ Internernet Social, num momento em que estamos viciades em plataformas comerciais, não é um movimento natural.
Estou falando em assumir o controle da sua narrativa, em construir um site como esse. Talvez não cheio de posts ou artigos, mas com uma página inicial que reflita o seu perfil, que tenha a sua cara, onde você possa se apresentar do seu jeito.
Este site e o meu blog pessoal (que chamo de Galeria de Espelhos) viram várias plataformas comerciais sociais e redes sociais nascerem e morrerem, mas enquanto eu existir ou tiver interesse em existir também online esses sites estarão aqui.
Talvez você esteja pensando “Ah! Mas isso é caro”: Um hospedeiro custa 25 reais por mês (um dos patrocinadores do Wordcamp Rio mais recente) para ter dois sites. O registro de cada domínio é 40 reais por ano. Será que nossa narrativa vale menos que um bolo, um queijo quente e um café por mês?
“Ah! Mas é complicado!”
Nada é mais complicado que o Facebook e tá todo mundo lá, muito embora muita gente tenha saído, mas já estiveram lá.
Além disso 43% de todos os sites do mundo funcionam com o WordPress, que vem pré-instalado em qualquer hospedeiro de sites bom. É só esticar a cabeça na janela e gritar “Alguém me ajuda a começar no WordPress?” e alguém vai aparecer. Você também pode ficar de olho em eventos como os Wordcamps e meetups.
O WordPress, a propósito, tem ferramentas que automatizam o compartilhamento do que você publica enviando para diversas plataformas comerciais. E mais ainda: ele pode transformar seu site em um nó, uma parte, uma instância da Internet Social. Esse site mesmo é assim e pode ser seguido em @roney por qualquer pessoa em qualquer parte do chamado Fediverso ou Internet Social, mas isso é história para outro artigo.
O assunto aqui é que controlar a sua narrativa não é caro. Não é difícil. Está ao seu alcance e, além de te proporcionar uma vida mais livre e menos tensa, é uma vantagem competitiva em uma civilização em que todes estão cansades.
E é meio triste ver esse cansaço. Tenho certeza que um mundo em que estamos livres de coleiras, do cansaço, do estresse, é possível e é um mundo muito mais próspero em que temos que competir muito menos. Me deixem ser um pouco utópico.
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Enquanto o mundo gira em liberdade podemos estar atrás de grades sem saber.
Foto de Matt Antonioli na Unsplash


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