É bem possível que você tenha colocado a mão na testa e pensado “Mas a blogosfera acabou faz anos!!”. Pode manter a mão na testa, mas sugiro ler mais umas linhas antes!
Primeiro que nada impede que as coisas voltem, não é? Principalmente em um momento em que os lugares onde as pessoas vinham blogando estão bostificados.
“Quem vinha blogando?”(viu pq sugeri manter a mão na testa?). Pois bem, como se chama o que as pessoas fazem nos FB, Instagram, Threads, Bluesky e até no falecido X? Blogar é compartilhar ideias online.
A blogosfera não acabou, pelo contrário! Ela se expandiu absurdamente! Só que os belos jardins digitais (já chego neles) das pessoas foram apropriados por grandes latifúndios, grandes feudos, que passaram a influenciar até o que as pessoas deviam blogar.
Os latifúndios tem o próprio paradigma, a própria interface, e não podemos fazer nada a respeito.
Por último… A blogosfera independente também nunca acabou, ela só foi escondida de quem submergia cada vez mais nos latifúndios digitais… Monoculturas geométricas e sem alma, muito diferentes de jardins ou de florestas.
E os jardins digitais?
A garden is a collection of evolving ideas that aren’t strictly organised by their publication date. They’re inherently exploratory – notes are linked through contextual associations. They aren’t refined or complete – notes are published as half-finished thoughts that will grow and evolve over time. They’re less rigid, less performative, and less perfect than the personal websites we’re used to seeing
Estou escrevendo esse post inspirado nesse artigo que o Nilton mandou no Mastodon. O texto é de 2020 e começa contando a história da expressão “Jardim Digital” desde o século passado. Vale a leitura! Aqui vou colocar algumas reflexões e ideias minhas à partir do texto.
Quando as pessoas passaram a blogar nos latifúndios digitais a lógica sequencial inversa por data (o post mais recente acima e abaixo dele os mais antigos) foi sendo substituída pela Time Line, que a princípio também era ordenada por data, mas logo passou a ter a ordem dos algoritmos.
O hipertexto, que, em blogs, conectava ideias, sumiu. Inclusive os importantíssimos links entre diferentes sites! Esse post já tem links para dois outros sites até aqui.
A propósito, como esse site faz parte do Fediverso, esse post aparecerá nas TLs de pessoas no Mastodon, Pixelfed e em qualquer outra rede social integrada levando um texto com conexões para outros textos, que é a definição de hipertexto (receio que muita gente já nem saiba o que é isso).
Como fazer o seu jardim, e por quê?
Espero que o motivo tenha ficado claro no começo do post, mas sinto necessidade de um acréscimo: as pessoas produzem conteúdo para os latifúndios digitais porque parece que só lá terão exposição. Bem… Acho que devíamos repensar a ideia e necessidade de exposição e o que importa para nós se viralizarmos, mas nem seguirei por esse caminho agora e vou chamar a atenção para outro ponto. O que custa ter o nosso próprio lugar? É muito pouco! Inclusive escreve o post O que você precisa saber sobre ter um site na Internet que espero que seja o suficiente para a maioria das pessoas poder criar o próprio jardim digital.
Então o motivo é: porque é fácil, porque é barato, porque é seu e porque você merece! Inclusive é um prazer reencontrar com as nossa ideias tempos depois! Esse site tem 16 anos e o meu pessoal tem mais de 20!
E como fazer?
Os gerenciadores de conteúdo como o WordPress e muitos outros que já existem e estão surgindo permitem bastante flexibilidade.
A minha sugestão é começar por uma home, uma página inicial, que transmita a essência do seu site.
Você é uma pessoa que projeta pontes, tira fotos de pequenos insetos, prepara comidas caseiras bem elaboradas? Sua home pode refletir essas coisas. Pode ser como a home desse site aqui mesmo, algo mais simples como apenas uma tabela com uma coisa em cada célula. É o seu jardim! E tenho certeza que os seus posts de cada área acabarão se encontrando do mesmo jeito que acontece aqui e até entre esse site e o meu pessoal.
Aliás… Você também pode ter vários jardins digitais! Comigo aconteceu sem querer, mas podemos separar nossas facetas em domínios diferentes, sem esquecer que suas redes sociais também são jardins digitais!
No Mastodon eu interajo com pessoas, no Pixelfed, bem esporadicamente, publico fotos, no Bluesky eu compartilho alguns posts daqui ou algumas reflexões e apago uns dias depois (para mim aquele é outro latifúndio em formação).
Imagem
Foto de PxHere


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