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Da frigideira para o Koo

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Esse blog é relativamente “familiar”, então desculpem pelo título do post, mas a essência da sensação do momento são as piadas de “5ª série” com o ponto de saída do nosso sistema digestivo e, alegadamente, um dos principais fetiches brasileiros.

Introdução

As instabilidades e incertezas em relação ao Twitter levaram os mais desbravadores (ou afoitos) a buscar alternativas.

Vou adiantar minha opinião sobre diásporas:

Se é para mudar de território que seja um melhor, construído para a coletividade e pela coletividade em vez de ser construído por um punhado de pessoas em busca de riquezas com vistas em agradar governos e anunciantes e onde nossas almas são o produto na prateleira. E isso nem mesmo é utópico visto que existem várias “federações” construídas com esses ideais como o Mastodon, que por ora é o mais conhecido.

Mas esse post é especificamente sobre migrar ou não migrar do Twitter para a alternativa do momento e como escolher uma alternativa.

Migrar ou não migrar, eis a questão

O Twitter está funcionando – mais ou menos – bem apesar de pelo jeito ter um bocado de gente “do mal” entrando na plataforma, então a primeira pergunta é “por que mudar?”.

Ora, sempre tem as pessoas desbravadoras que gostam de olhar novos territórios ou as zoeiras que não podem perder a chance de entrar em uma rede chamada Koo.

Nesse momento, pelo jeito, temos também pessoas ávidas por se tornarem “influenciadoras” digitais e sabem que é importante estar entre as primeiras.

Se você não está nesses grupos pode esperar com calma no Twitter, talvez no máximo garantir seu nome na nova plataforma.

Até onde podemos confiar em novas plataformas?

Então… Não podemos, ou não devíamos, confiar nem nas antigas, afinal dados vazam, sistemas são hackeados, novos donos assumem etc.

Não precisa ter um endereço de email para cada serviço novo onde nos cadastramos (eu tenho), mas é bom pelo menos usar um que não seja o mesmo que você usa para se cadastrar em uma infinidade de serviços, principalmente se você usa a mesma senha em mais de um lugar.

Também não é boa ideia sair informando celular, permitindo acesso a sua lista de contatos, GPS etc.

Sempre pesquise a plataforma antes de se cadastrar:

  • Quem criou o serviço?
  • Para que o serviço foi criado?
  • Qual é a missão declarada pelo serviço?
  • Quais são os princípios éticos da empresa?
    (ainda que ela não os cumpra)
  • Qual é o modelo de negócio, ou seja, como ela vai ganhar dinheiro ou se manter funcionando?

E, claro, não seja a pessoa do “zapzap”. Se não achar nenhum artigo sobre a rede em uma fonte conhecida já desconfie.

Eo Koo? Qual é a dele?

Confesso que entrei lá pela piada antes mesmo de pesquisar (mas usei uma proteção de email, VPN etc).

A primeira coisa que ficamos sabendo do Koo é que ele é uma empresa indiana (você consegue ler a sério um artigo falando em Koo? Tá difícil escrever sem rir) criada recentemente e que bombou no Brasil só porque dá uma boa piada e as pessoas começaram a procurar alternativas quando parecia que o Twitter ia simplesmente evaporar de uma noite de sexta para a manhã do sábado (não evaporou).

O primeiro artigo que achei foi um do Manual do Usuário intitulado O que já se sabe da Koo, rede social indiana aonde usuários do Twitter estão indo.

Ele alerta que foi criado “na Índia em 2020, em meio a tensões do governo autoritário de Narendra Modi com o Twitter”.

Eu não sei o quanto esse site é confiável, mas ele pratica o bom jornalismo e cita fontes como um artigo da BBC um pouco mais antigo intitulado Koo: India’s Twitter alternative with global ambitions (meio isentão) que nos mostra um quadro bem preocupante da rede.

O artigo da BBC nos mostra que a plataforma foi criada com vistas aos que não falam inglês (começando pelos 22 idiomas falados só na Índia – fiquei chocado!) e que, muito embora mostre sinais de estar embolada com aspirações questionáveis do governo, procura se desvencilhar delas. É um conjunto de incógnitas e perguntas.

No entanto, se o Twitter não sumir (duvido muito que isso aconteça), o Koo tem que oferecer algo (além das piadas) que o Twitter não oferece.

Bem, ele oferece a possibilidade de publicar os koos (são os tuites de lá, eu sei… eu sei… 5ª série) em várias línguas, o que é bom principalmente para as celebridades indianas que também querem se comunicar com fãs que falam outras línguas. Pro brasileiro desconfio que não é uma grande vantagem.

Além disso eles se dizem capazes de garantir a moderação e a contenção de discurso de ódio contando com algoritmos e com denúncias da comunidade (antevejo ataques em manada).

É o bastante para se colocar como uma alternativa melhor ao Twiter? Duvido muito e diria que não vale a pena a migração a menos que o Twitter desapareça, o que não acontecerá.

A rede é boa? Funciona bem?

Depois de passar uns dias sem entrar no Koo me deparei com uma TL de estranhos e estranhas. Koos de gente que não sigo e tão pouco são seguidas ou curtidas por pessoas que sigo. Quase todas eram empresas ou candidatas a celebridade online. Pode ser um esforço da plataforma para atrair famosos que atraem gente ou para agradar quem pode vir a ser âncora da popularidade deles ou apenas um bug.

Também são numerosos os casos de falha de segurança, denúncias de vazamentos de dados e especialistas questionando o compromisso da rede tanto com a segurança quanto com a privacidade.

Pode ser que o Koo responda mais rapidamente a falhas nesse momento em que o Twitter está estrangulado pela péssima gestão, mas é uma situação que não deve persistir por muito tempo.

Por “boa” também podemos pensar em responsabilidade social e já tenho visto críticas à equipe quase exclusivamente de homens (como a equipe que sobrou no Twitter, a propósito). Vamos ficar de olho.

Consideração final

Se você é uma pessoa que gosta de desbravar novos territórios ou de fincar sua bandeirinha garantido seu “@” em toda parte, vale a pena dar uma espiada tomando os cuidados padrão de segurança.

No entanto o que mais ficou ecoando na minha cabeça foi a reação da rede à invasão brasileira que logo começou a cobrar posicionamento dela a respeito de diversidade, discurso de ódio, etc e a resposta dela procurando garantir que respeitará esses e outros princípios.

Ainda que seja uma visão um pouco romântica, penso que movimentos de manada como esse possam mostrar para “o mercado” (não o financeiro, mas o de Internet) que a maior parte da humanidade quer diversidade e direitos humanos, até no Brasil que acaba de passar por uma eleição polarizada entre isso e diversas formas de ódio e preconceito.

Por esse lado essas ondas de exploração, não só no Koo, mas no Mastodon e outras paragens pode ter um efeito bem positivo de estabelecimento de tendências.

Outras impressões

Normose

O Koo é seguro? (faz também um resumo da crise do Twitter)

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