Para os 49,17% que votaram no Gabeira para a prefeitura do Rio essa é a sensação e talvez seja um fato caso os temores desses 49% se confirmem e EPa (Eduardo Paes) venha a se mostrar apenas mais um político que promete o que precisa para se eleger, mas raramente se empenha em cumprir.
No entanto o que houve foi inédito e maravilhoso!
De um lado havia a campanha padrão de EPa com todos aqueles subterfúgios a que estamos acostumados.
De outro lado havia Gabeira que não partiu para a baixaria, não sujou a cidade e, principalmente, convenceu 49% dos eleitores que é honesto e que cumpriria tudo aquilo que todos prometem, mas não cumprem.
A campanha do Gabeira estava fadada ao fracasso. Ele começou as eleições quase como azarão e reacendeu a paixão voluntária de milhões de pessoas pela política limpa, honesta e séria.
Só há o que comemorar! Lembre-se que vivemos em um país onde o lugar comum é afirmar que político é “tudo corrupto” e que “quero ser vereador para trabalhar duas vezes por semana”.
Praticamente metade desta cidade acreditou com todas suas forças em Gabeira, mas mais do que em Gabeira, nós acreditamos que há políticos sérios neste país! E não votamos com a mídia ou impulsionados pelos subterfúgios que apelam ao preconceito, ao assistencialismo, currais eleitorais ou ao medo para afastar eleitores de um candidato e atraí-los a outro. Votamos com esperança política!
É claro que não há vergonha em ter votado em EPa (a menos quem fez isso por preconceito ou interesse pessoal), vergonha é se omitir do processo democrático como os 27% que exerceram seu direito de não votar e digo isso apesar de ter a impressão que a maioria deles votaria em EPa. É que omissão é algo que considero muito triste.
Agora que terminaram as eleições podemos dar mais um passo maravilhoso já que redescobrimos a fé em algum político. Vou contar um segredo 😉
Não há mau político que sobreviva aos olhares atentos de cidadãos engajados.
Agora é a hora de manter o ânimo que reconquistamos durante a campanha do Gabeira e o direcioná-lo para o EPa!
Já decidi fazer o cheklist das promessas de EPa. Todo mês vou me dar ao trabalho de ver, por exemplo, quantas UPAs (15 prometidas no primeiro ano) ele fez até aquele momento e se está realmente ajudando os dois bairros que prometeu no último debate (alguém lembra dos nomes? Costa Barros e Barros Filho – obrigado @claudiamello).
Agora que ele pegou o timão temos que lembrar dos tripulantes apáticos de Kafka e, já que nosso timoneiro não está lá, garantir que o escolhido trabalhe direito.
Olá Roney,
Bom post, vc colocou o processo democrático acima das crenças e idéias de caráter partidário.
Particularmente, nesta eleição estive em opinião contrária a sua, mas apto a buscar cumprir o mesmo papel cívico qualquer que fosse o resultado.
Política não se faz em eleições, este é apenas um ponto de controle do processo. Temos agora o dever de fazer valer (com nossas vozes e atos) aquilo que se promete.
Um abraço.
Ops. Esqueci. Seu título está em completo desacordo com o conteúdo este último bem moderado. 😉
Foi de propósito, eu quero atrair a atenção dos desesperados e tentar injetar algum ânimo deles 🙂
Obrigado pelo elogio e é legal conhecer alguém que votou em Paes com consciência política!
É difícil explicar meu ponto de vista… Falhei copiosamente na tarefa no plurk mas eu sou teimosa e tentarei novamente aqui.
Eu acho vergonha o cara não querer votar mas não acho vergonha o cara querer não votar.
Acho vergonha o cara votar de qualquer maneira, só por obrigação, sem pensar. Acho vergonha o voto sem raciocínio, sem pesquisa, sem referências.
Acho vergonha a falta de interesse mas não acho vergonha a opção por não participar do processo eleitoral.
(ah, o que não fazem mais de 140 caracteres!)
Acho que qualquer condenação ideológica de grupo com relação a quem opta por calar é um movimento de bullying e patrulha ideológica, duas coisas que me irritam.
Isso vale para qualquer coisa, não só eleição. Vou dar outro exemplo, ok? Imagine uma escola onde todos fazem esportes, participam das atividades esportivas e extra-curriculares. Aí tem um grupo de crianças que preferem ir à biblioteca. Estas crianças são normalmente esterotipadas, tachadas de nerds, excluídas de eventos sociais e ridicularizadas. Ainda que se argumente que alguma atividade física será benéfica a estas crianças ou que atividades em grupo são importantes para o desenvolvimento e crescimento deles, esta “pressão social” em direção a um comportamento X se chama bullying e é horrível.
Vejo pessoas muito queridas, inteligentes, humanistas e cultas, neste caso dos omissos no Rio, caindo neste mesmo erro de comportamento de massa.
Sobre o caso em si, é uma pena. O Gabeira seria um sopro de ar puro em uma cidade tão sufocada. Agora, ainda sou mais o Paes que o Crivella… Sem querer dar uma de Pollyana, poderia ser bem pior.
É isso. Acho que agora saiu um pouco melhor.
Bjs.
..um grupo de crianças que prefere, né Carolina?
Ah, nem vou reler o resto.
Escrevi aqui direto no comentário, sem revisar. Foi mal, pessoal.
Alguém não participar do processo democrático é triste, alguém fumar é triste, crianças que não fazem qq exercício é triste. Se essas pessoas serão vítimas de assédio moral ou não já é outro problema.
Ainda acho menos triste quem vota alienadamente do que quem opta por ser omisso. Aliás, ainda acho menos triste a pessoa que não vota porque acha que é um modo de protestar do que o que não vota porque é omisso.
Omissão é foda!
Julgo que omissão está mais para covardia do que para protesto. Nunca consegui deixar de me expressar a favor de uma direção, mesmo que não fosse 100% compatível com a minha visão.
Porém, é muito complicado julgar a consciência de voto de outra pessoa, não me sinto à vontade para fazê-lo.
Falando em ideais, seria ideal que cidadãos conscientes e insatisfeitos apresentassem mais propostas do que críticas. Me incluo nesta lista.