Uma comoção percorre a twittosfera: criaram um script para Firefox que permite absorver milhares de seguidores em poucos dias. A Rosana Hermann explica como funciona no post Um robô para fazer sucesso no Twitter.
A explicação rápida é a seguinte:
O interessado em colecionar seguidores sai seguindo todos os seguidores de um monte de gente, as pessoas seguem de volta (algumas automaticamente) e depois o colecionador deixa de seguir todas aquelas pessoas para não ficar seguindo 10, 20 mil pessoas.
O problema é… Bem, os problemas são dois.
Em primeiro lugar as pessoas que são “vítimas” dos colecionadores se sentem tratadas como gado.
Pessoalmente vejo de outra forma. Entendo que o colecionador está esmolando seguidores tentando seduzí-los com seu falso interesse.
É um fenômeno parecido com a adolescente que se veste vulgarmente para atrair a atenção dos meninos ou dos rapazes que sacrificam seus sentimentos para aparentarem uma grosseria que eles acham que a sociedade espera deles.
A busca desenfreada por números é uma característica da cultura industrial e não da cibercultura e os colecionadores de seguidores não entendem isso, o que nos leva ao segundo problema.
O Twitter é um das mais recentes e portanto mais adaptadas ferramentas da cibercultura e funciona de maneira auto-moderada, ou seja, se algo te incomoda você pode eliminar com um clique de mouse: unfollow.
O resultado disso é que o colecionar de seguidores, além de não estar realmente participando das vantagens de mergulhar na cibercultura, está acumulando uma legião de mortos vivos que o seguem, mas não o enxergam.
Isso acontece porque o seguidor que realmente usa o Twitter deixará de seguir o colecionador tão logo note o que ele fez ou perceba que ele só gera ruído. Os seguidores que restarem serão aqueas pessoas que criaram suas contas, mas não usam e muitas vezes nem saberão que estão seguindo aquela pessoa (há uma opção de auto-seguir-de-volta no Twitter).
Verifiquei isso pegando um dos colecionadores com perfil semelhante ao meu e verificando que meu índice de cliques em links sugeridos é de 5% e o dele é de menos de 1% (ferramentas como o migre.me são uma mão na roda).
Ao contrário da maioria não acho esse fenômeno de todo ruim, são movimentos naturais da transição entre paradigmas durante os quais as pessoas testam os limites da moral e da ética.
O fenômeno só é muito ruim para as empresas de mídia social online que agora não poderão confiar no número de seguidores para medir a popularidade de uma pessoa sendo obrigadas a tentar detectar movimentos estranhos com ferramentas como o Twitter Counter.
Ótimo post.
Abraços.
Oi, Roney.
Eu ainda não tenho opinião formada sobre isso mas discordo um pouco de você quando diz que a busca por números não faz parte da cibercultura. Posso estar muito enganada mas o que tenho visto é uma busca desenfreada por números, seguidores, assinantes de feeds, visitantes, enfim… é um perfil da cibercultura, sim. Não que isso seja ruim. Tudo depende do perfil da pessoa por trás desses números. Tenho percebido um aumento exponencial dos meus seguidores mas só pelo nick que usam, não fico feliz porque não é um interesse genuino no que falo e por isso, esse número não me diz nada. E olha que nao tenho sequer 500 seguidores, ou seja, nem estou falando da casa de milhares como tem acontecido. Se pensarmos que, um caso como o meu, que tenho muito interesse em divulgar o blog pela causa que defendo, pode ser que se eu conseguisse 10 mil seguidores, alguma coisa percentual em termos de projeção do blog talvez fosse alcançada. É como você falou, pode não ser de todo ruim.
A maioria das pessoas busca números, é verdade, até porque várias ganham dinheiro com os cliques que os visitantes dão nos adsenses em seus blogs, mas considero isso um resquício do paradigma industrial.
Na cibercultura aposto mais em uma horizontalização dos contatos, ou seja, o foco está na afinidade e não na busca por um público indeterminado e genérico.
Se você observar já há várias pessoas bloqueando as pessoas estranhas que as seguem no Twitter perdendo assim vários seguidores, mas tendo a certeza que são seguidas por quem as está ouvindo de fato e tem interesses em comum.
A verticalização da audiência no entanto pode ser mesmo uma boa solução para probloggers, mas não creio que seja desejável para blogs com causas.
Concordo com você, Roney, o ideal é a horizontalidade das relações, esse é o legal. É o que eu gosto também, e quero. Mas me pergunto se quando temos causa ou não mas temos algum tipo de interesse na divulgação de um trabalho, seja qual for, se isso não dá uma alavancada na divulgação, pura e simplesmente assim. Sem muita filosofia. Se de 20 mil seguidores, 1 % desses seguidores se interessa genuinamente no que você fala, será que não é possível? Será que o desgaste na imagem compensa já que todo mundo adora apontar o dedo para o outro e dizer que ele está fazendo errado, quando muito querem fazer o mesmo? Será que não um pouco de hipocrisia as pessoas não entenderem que aquela pessoa quer divulgar seu trabalho? Será que para isso vale à pena criar um perfil adicional? E isso muda sua intenção? E principalmente, qual é de fato o problema nisso se a pessoa que continua ali falando e sendo seguida por você, continua falando coisas que te interessam?