Já há alguns anos alerto para o mesmo problema: A insistência em continuar oferecendo furos jornalísticos prejudica a imprensa.
De acordo com Neil deGrasse os jornalistas hoje tem uma formação de base em ciência bem mais sólida que há 20 anos, quando era comum as entrevistas chegarem distorcidas aos jornais, e agora temos bons artigos sobre ciência na imprensa em geral.
Todavia, ao correr para dar a primeira notícia, os jornais acabam criando confusão nos leitores, muitas vezes com formação básica insuficiente, sobre a confiabilidade da ciência pois logo surge outro artigo contradizendo o anterior porque novas pesquisas foram feitas.
Mas há outro problema maior que atinge também as notícias não científicas: a atenção ao que chama mais atenção.
Como diz deGrasse, acaba-se dando o mesmo espaço para notícias que questionam se o aquecimento global é nossa responsabilidade (3% dos estudos) ou antropogênico (97%).
Em muitos casos, acrescento, dá-se mais espaço ao delírio do que à realidade, não só em ciência, como no terraplanismo, mas em história, geopolítica e ciências sociais em geral.
Assim alimenta-se a pós-verdade:
- Sensação de insegurança com o pensamento racional (abordagem científica);
- Espaço desmedido para o absurdo ou, pelo menos, o que não tem suporte lógico relevante.