Incomodado com o contraste entre o alarmismo da mídia velha, o pequeno número e extensão dos casos de Influenza A (vulgo gripe suína) e o estado de medo e quase pavor de pessoas que amo (minha sogra e vários amigos) decidi me mexer e me informar.
O Observatório de Imprensa aponta o Globo como principal tablóide alarmista de uma crise que não existe:
Embora os casos confirmados se restrinjam a cinco países – México, Estados Unidos, Canadá, Espanha e Escócia – o Globo entendeu que o vírus “se alastra no mundo”. É um caso de alto alarmismo e baixo jornalismo.
No entanto o fato é que a mídia em peso parece ansiosa por um caso no Brasil e aproveita cada suspeita de contaminação para lançar uma manchete do tipo “Gripe Suína na Argentina” depois de um simples caso confirmado ou nem isso, em alguns casos basta uma suspeita.
O blogueiro Leandro Vieira escreveu o post Muito alarmismo para pouca coisa de onde destaco:
Nunca é demais lembrar que a “ameaça global” da gripe aviária matou 200 pessoas no mundo todo. E esse número torna-se insignificante quando comparado ao total de habitantes no mundo: 6,5 bilhões.
(na verdade há indicações de 257, mas não muda o ponto)
E…
A Cidade do México – notem bem: falo apenas da capital do País, não do País inteiro – tem 20 milhões de habitantes.
(sete mortes até a publicação do post)
Não se trata de indiferença às mortes que ocorreram, mas o medo e o terror provocados pelo exagero da gravidade desta e de outras situações nos leva à desesperança e ao conformismo minando nossa capacidade de transformação e reação.
E porque a mídia velha faz isso? Parte de um complô mundial entre governantes e uma raça de alienígenas lagartos? Duvido.
A velha mídia não está conseguindo se adaptar aos novos tempos e ainda nos vende medo em vez de vender informação. Parece uma forma fácil e certa de garantir suas tiragens.
Outro fator determinante e muito sério para o comportamento da velha mídia: ela está apavorada! E é de você que ela tem medo!
Um artigo justamente no Globo Tecnologia deixa isso bem claro. Apesar de praticamente as únicas fontes de informação séria e livre de alarmismos estar em blogs e no Twitter ele nos avisa no artigo Gripe Suína também se propaga pela Internet:
blogs, microblogs e redes sociais se transformaram em uma importante fonte de informação sobre o vírus, ainda que boa parte das mensagens publicadas ganhem tons alarmistas…
Devem ser os leitores e espectadores da Globo e do Globo…
Provavelmente a rejeição de grandes grupos de mídia em relação à digitosfera seja justamente por se sentirem ameaçados em seu antigo monopólio da informação.
É hora de deixar de resistir aos novos tempos e se unir a quem realmente sabe lidar com informação.
Vale a pena ler também Suine Flu: First, Show no Panic de um médico no NYT afirmando que o surto atual não é mais mortal que uma gripe comum.
Para informações de saúde sobre a Gripe Suína consulte meu blog pessoal.
Caríssimo
É certo que as mídias (velhas ou novas) vendem medo, temor, desgraça e tragédia porque, desde que as notícias eram publicadas em hieróglifos, esse tipo de conteúdo vende jornal, seja em papiro, em papel-jornal ou em clickview nos portais noticiosos. A gripe suína é uma excelente oportunidade para os jornais deitarem e rolarem na lama e manipularem a informação e a opinião para que os veículos de comunicação continuem cumprindo seu objetivo: formatar o modo de pensar das pessoas de acordo com o que é conveniente para eles.
É claro que blogs de pessoas relevantes para o assunto como um médico ou especialista em sei-lá-o-que de laboratório (o meu blog, por exemplo, não seria o caso) seriam as fontes perfeitas, mas ainda quero crer que esse alarmismo não há de ser praticado por todos os veículos – como esses que você citou no seu post, por exemplo. O mais importante em momentos como esse é ter senso crítico e saber separar o drama dos dados procurando (e encontrando) os veículos de comunicação mais coerentes.
Parabéns pelo post que, como sempre, é irretocável.