De um lado temos o psicopata citado no marco um que não é capaz de empatia e portanto de identificar os outros como pessoas dotadas de sensibilidade.
De outro temos pessoas normais que, influenciadas por estereótipos culturais, “coisificam” outras pessoas tornando-se não muito diferentes do psicopata.
Durante a edição de 2009 da Campus Party Brasil, o principal evento de cibercultura do mundo, a modelo Ana Lúcia Fernandes, contratada pela Abril para se caracterizar de coelhinha, foi tratada como objeto por um dos campuzeiros. Ao lado a foto dela logo depois e ainda com os olhos marejados de lágrimas.
Algumas pessoas ainda defenderam o assediador afirmando que a moça merecia o tratamento por se prestar ao papel de coelhina da Playboy.
O processo de desumanização não é muito diferente daquele que inspiram crimes como o assassinato de Sylvia Likens em 1965 em Indiana ou as crueldades que ocorrem nos presídios brasileiros.
Os germes da desumanização estão espalhados pelos mais diversos setores da nossa cutura como as piadas sexistas ou racistas e nas expressões pejorativas com “paraíba”.
Este fenômeno pode ser fruto do nosso despreparo para lidar com uma tribo de quase sete bilhões de humanos? Trata-se de uma limitação irreversível ou que só poderá ser contornada se reestruturarmos nossas cidades para formarmos grupos com no máximo 200 pessoas?
É cedo para das as respostas, mas arrisco algumas possibilidades.
Nossa cultura massificada é construída de forma a nos transformar a todos em objetos que consomem e são consumidos. Essa cultura nos preprara para “coisificar” o próximo e infelizmente a cibercultura pode não ser um antídoto para isso, pode até ser um instrumento para acelear e aprofundar a desumanização.
Carregamos comportamentos instintivos obsoletos que desumanizam a outra tribo para que possamos disputar território com ela sem o remorso de estar matando outro humano. Estará a nossa consciência pronta para falar mais alto que o longo caminho evolutivo que nos trouxe até aqui?
Paradoxalmente não vou citar o uso da comunicação digital como uma forma de tornar os contatos impessoais pois considero que é justamente o contrário: ao manter contato com alguém através do seu blog ou twitter acabamos entrando inevitavelmente em contato com várias das sua facetas o que dificulta a desumanização.
A questão que não há como ignorar é que nossa cultura vem sistematicamente transformando pessoas em objetos e já é hora de não aceitar isso. E por não aceitar não me refiro a condenar a Abril por exemplo por levar coelhinhas (e nenhum coelhinho, afinal 1/3 dos campuseiros eram mulheres), mas a nossa própria aceitação da prática da coisificação.
… – isso é o que eu tenho pra complementar esse post! (para os que não entenderam… nada, pois tá perfeito)
Excelente Roney!
Se por um lado peca a abril pois coisific a mulher em prol das fantasias masculinas, peca o homem por não saber separar a fantasia da realidade.
Causa indignação a qualquer um, e mais ainda em saber que OUTROS homens aplaudiram a conduta do colega pois a moça seria um mero objeto.
Isso pra mim é PRECONCEITO. Coloque isso na mão de um promotor xiita e o cara vai preso, sem direito a fiança e progressão de regime.
Pra mim tem mais é que cagar tudo. Quem alimenta o monstro inevitavelmente irá ser devorado por ele, sim. A menina aceitou ser coisificada se vestindo de coelhinho-depravado-alvo-de-punhetas-no-território-nacional, era pra saber que algum dia alguém ia trata-la como objeto.
Eu não estou dizendo que ela é mais culpada que do que o carinha retardado. Mas todo mundo sabe que mulher é mais inteligente que homem se tratando de massa. A maioria dos homens são bichos. Só colocar uma gostosa vendendo uma roda aro 19′ que ele compra a roda. Temos uma tendência para ignorância que alimentada pela cultura nos transforma em bonequinhos que vivem dentro de um sonho e o que podemos fazer? nada. Acabou, perdemos a guerra. Vamos esperar até a próxima geração, ver se eles conseguem resolver alguma coisa porque essa nossa, foi pro saco.
Primeiramente!
Todos nós fazemos escolhas diferentes
O emprego dela é como qualquer outro.
Tendo direito de ter respeito e tendo direito de se defender.
Segundo o Racinha nojenta se chama Homem
Que age por institinto,que esquece do respeito proprio e trata mulheres como objetos.
Ela tinha é que abrir um processo,por danos morais,correr atraz de seu direito de cidadã
Concordo plenamente que ela devia processá-lo e um dia chegaremos a esse ponto, mas tem várias questões a considerar né? Talvez não seja o caso, mas ela poderia perder chance de novos trabalhos com a mesma empresa se fizesse isso, pode ter crescido em um contexto cultural que não lhe ensinou que tem o direito de reclamar…
Um dia esse verme vai aprender a respeitar os outros.Nem que seja quando ele não tiver nenhum dente na boca.
Dá raiva mesmo, mas temos que espirar fundo, esperar passar e perceber que raiva não resolverá esses problemas…
Me parece que o próprio cara depois se tocou que foi muito infeliz, e convenhamos que essa “coisificação” da mulher infelizmente é muito comum…