O mundo já esteve no caos antes.
Vim da década de 60 e o mundo estava prestes a terminar em uma guerra atômica ou na luta contra os comunistas que se escondiam em toda esquina escura.
Cinquenta anos se passaram e, francamente, não há razão lógica para achar que o mundo (ou a humanidade) entrará em colapso como já comentei num post sobre as profecias maias para 2012.
A única coisa que nos faz prever um futuro negro é o involucionismo que talvez seja inspirado pelo nosso desespero. E como diz a regra dos 90 segundos: não decida nada quando está emocionado, muito menos desesperado.
O caos de hoje não é pior ou melhor que a peste negra, a gripe espanhola, as guerras mundiais, as cruzadas… Na verdade todos esses períodos parecem bem mais negros que o atual, mas isso fica para outro post 🙂
Alguns me chamam de Pollyana, mas não se trata de otimismo cego, mas de evitar o desespero cego.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde a depressão será a doença mais comum até 2030 e alguns falam de tratá-la com remédios ignorando as causas, afinal não tem nenhum supervilão colocando depressiômetro nos reservatórios de água.
Se toda uma civilização fica deprimida não é de remédio que ela precisa, é de esperança e perspectiva.
Assistindo o documentário História dos Videogames da Discovery (liga os links lá em baixo para ver no Youtube) percebi como nós nos livramos do desespero das décadas de 60 a 80: Nós criamos videogames!
Numa época em que a televisão era uma janela para o terror das guerras que não podíamos controlar surgiram os jogos que se apropriavam daquela tela e construíam universos que podíamos controlar muito embora no início o fim de todos os jogos, provavelmente reflexo da desesperança, era nossa morte.
Mais uma vez estamos desesperados e só conseguimos ver a morte em nosso futuro e mais uma vez criaremos alguma saída para transoformar nossa realidade. E mais uma vez uma grande parte disso está nos jogos.
É no universo virtual dos videogames que aprendemos a não ter medo dos terroristas, da violência e aprendemos que em algum lugar somos capazes de vencer. Nos jogos modernos o fim não é nossa morte como em Space Invaders, Galaga ou Pac Man, no fim nós vencemos!
É disso que precisamos: substituir o desespero pela experiência do epic win tão bem defendida pela Jane McGonigal.
Se há uma coisa que aprendi nos curtos 43 anos que tenho vivido é que não importa se estamos pessimistas e desesperados, no final a humanidade encontra seu curso então porque reduzir nosso poder de interferir no presente e no futuro nos entregando ao desespero em vez de trazer para a realidade offline o que aprendemos na realidade online?
Epic Win para todos nós!
“Se toda uma civilização fica deprimida não é de remédio que ela precisa, é de esperança e perspectiva” afirmação ´precisa. O que mesmo Cazuza cantava? Nossos idolos são de barro? Ideologia, prcisamos de uma razão pra viver.
Querido Roney, segundo os teóricos da Globalização, Guiddens, Hall, Baumann, entre outros, a Globalização estilhaçou, fragmentou e desagregou tudo.
E isto vale, apenas como mero referencial paradigmático, desenhado a partir de fins dos anos 80, Queda do Muro de Berlim, guerra das marcas na publicidade, e… haha, achegada dos video games.
Bom depois de 5 governos engessados no generalato, desde 64, os anos 80 nos trazem algo de mais pop: Diretas já, a garantia de um joystic mental e manual…haha, agora enfim estamos no controle.
Basta não sermos títeres, marionetes-zumbi nas mãos de comandos expressamente inumanos e ditatoriais.
Aí você recorre à Pollyana, que também não foi do seu tempo cronológico: mas essa garota do livro (de quem mesmo) M. Delly?, não era uma conformista apática nem se autoenganava autisticamente:
ela era um tanto já transformista e alquimizante: “Que bom que não posso ter espelhos, assim não posso ver minhas sardas”
Estaria a menina, com esta postura, escondendo sua cabeça e medos debaixo do tapete da própria existencia, ou aprendendo modestamente a lidar com eles, devagar, dentro de suas possibilidades psíquicas?
Antes, meu querído, na década de 60 tinhamos idolos, Che Guevara, Mao Tse Tung, Vladmir Palmeira, Paulo Freire, Gabeira, Woodstock, Janis Joplin, Bob Dylan and so on…
Os Beatles também chegavam, falando lisergicamente
no amor e na paz.
Aldous Huxley e seu admirável mundo novo…uau!
Mas a realidade de então era dura: guerras brabas, Vietnam, mortes, banimentos, extradições…
Até que… haha chega devagarinho a era do controle, joystickinianamente falando, uma competitividade no cérebro e uma arma empoderada nas mãos.
Hoje meu querido a gente pensa que “tá podendo, por cima da carne seca” em verdadeiros delírios transmidiáticos e apostando nas camadas digitais dos cross media crescentes, em nossos … solitários gadgets…
O meu Ipod, o seu I phone, o meu netbook, o seu smartphone… eita individualizações, eita solidão tecnológica, eita esterilização dos pares… eita a supremacia dos Nintendos e X Box da vida que nos transportam para um mundo no qual nos recortamos umbilicalmente e sutilmente dos que nos cercam…
Eis que neste momento, faço um vôo solitário para um mundo também… só meu…. eita narcisismo contemporaneo…(gilles lipovetsky fala disso, dos nosso “vazios” atuais)
Voltam as depressões… sim! como eu consigo deixar me interfacear por tantos aparatos-geeks, filhos céleres das novas tecnologias, pare viver também da minha carnalidade e tentar em meio a tantas virtualidades, me redensificar como humano que penso ser… ou já talvez um ciborgue???
O terror leva ao jogo, sim, concordo, ao lúdico, ao brand entertainment; Mas o graaande desafio é peitarmos as pequenas porém irrefutáveis guerras multiplicadas em nosso dia a dia.
E que ameaçam laços e o estreitamento saudável de parcerias e grupos. Isso sim confronta a gula desenfreada do capitalismo da superprodução!
Mas, como se ouve por aí… o que não nos mata nos fortalece.
E em tempo:já dizia Nietszche: “é preciso ter um caos dentro de si para dar luz a uma estrela cintilante… ”
Bjkas da @uhuh e da Graça, também.